produtor
Aluizio Neto
Eu nunca tive interesse por café até conhecer a Ananda, filha do Ari, em 2017. Nos cafés da manhã, percebia que ela preparava um café especial produzido pelo pai dela, o que despertou minha curiosidade. Quando visitei a região do Caparaó pela primeira vez, fiquei impressionado com a beleza natural do lugar, com suas matas, montanhas e cafezais em harmonia.
Lembro bem de quando o Ari me levou para conhecer a Fazenda Café Vista da Serra. Mesmo sem entender nada de café (e continuo entendendo muito pouco), pensei: "Não tem como o café que sai desse lugar não ser muito bom." O lugar era simplesmente lindo, com uma vista privilegiada.
Entre 2018 e 2019, durante uma das minhas visitas à região, pedi para o Ari me levar na Fazenda Café Ninho da Águia, do Clayton, primo de um grande amigo meu. Como eu sempre gostei de surfar e o Clayton também surfava, fiquei curioso para conhecê-lo.
Nessa época, Ari, Ananda e eu resolvemos torrar e vender pacotinhos de café com a marca da Fazenda. Eu tentava vender o café verde para as torrefações, mas sem sucesso. Era raro receber algum feedback ou mesmo um "obrigado". Mas sabíamos que tínhamos um café bom, pois o Ari já havia recebido destaques em concursos. Então, decidimos torrar, empacotar e vender direto para o consumidor final. Pensamos que talvez o cliente final nos levasse às torrefações onde queríamos estar.
E deu certo. A Roberta conheceu nosso café através da Gi Vicentini. Ela tinha acabado de fazer um curso de torra com o Nando, do Civitá. A Roberta falou sobre nós para o Nando, enviamos uma amostra do café verde para ele, e conseguimos nossa primeira parceria, que dura até hoje.
Tudo fluiu naturalmente. Ananda e eu passamos a ir cada vez mais à Fazenda, nos interessando pelos processos, estudando e fazendo testes. O Ari sempre nos instigou a dar nosso melhor. Pelo menos é assim que me sinto quando estou lá trabalhando com ele.
Minha primeira vez na SIC, em 2019, foi mágica. Vi o mundo dos cafés especiais, com produtores, torrefadores e baristas. Não tinha como não querer fazer parte daquilo também.
Em 2020, Ananda e eu, juntamente com o Ari, decidimos comprar parte das terras da Fazenda que eram dos irmãos do Ari, herança da Dona Geralda, mãe deles, que havia herdado do pai dela, Sr. João Batista. Juntos, resolvemos dar continuidade ao legado da família, algo que o Ari já vinha fazendo sozinho há bastante tempo.
Minha vida mudou bastante desde então. Sempre gostei de surfar e, por mais absurdo que pareça, o surfe e o café têm muitas semelhanças: observar a natureza é essencial. Quem surfa aprende a observar o mar, o vento, as mudanças do clima. E essa semelhança existe na plantação e no terreiro também.
Se eu não tivesse conhecido a Ananda, provavelmente o café ainda estaria sobrando na xícara e a cafeicultura seria algo que eu veria apenas nos programas de domingo de manhã na televisão.
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