Se você aprecia seu café de cada dia deve também saber apreciar a sua origem na história.

Os cafés que torramos aqui na William & Sons são de origem brasileira, frutos dos nossos queridos produtores brasileiros. Eles trabalham cada dia em várias regiões do Brasil para produzir uma bebida de alta qualidade. Tudo pode dar errado na mão do torrador e barista. Ao lidar com o café estamos lidando com as joias de um produtor.

Mas, nesse dia internacional do café, temos que ser sinceros, e dizer que a história do café não começou no Brasil e nem na Itália. Desculpe.

Em 2013 fui para Boston nos Estados Unidos para assistir ao 5º Simpósio de café especial da SCAA (Specialty Coffee Association of American) realizado naquele ano no famoso Harvard Club.

O grande tema da 5ª edição foi o futuro da espécie café arábica.  Além das condições climáticas, existe um grande risco de uma doença acabar completamente com a safra brasileira. Isso já aconteceu na América Central, e naquele ano no Simpósio da SCAA foi discutido como evitar outros possíveis desastres no mundo. Muitos projetos de pesquisa foram iniciados naquele ano entre as grandes marcas de café do mundo. Às vezes nós criticamos as grandes marcas, mas nos bastidores eles estão investindo milhões de dólares em pesquisas genéticas que duram anos.

 

Dr. Aaron Davis

 

Um dos palestrantes foi o botânico, Dr Aaron Davis. Ele tinha acabado de voltar de um estudo de pesquisa que havia durado alguns anos na África e na ilha de Madagáscar. Você pode assistir sua palestra clicando aqui. É fascinante!

 

 

Nessa viagem ele mesmo descobriu e classificou mais de 20 novas “espécies” de café.  Ele apresentou os frutos da sua pesquisa pela primeira vez em 2013. Ele argumenta que a origem do café é a Etiópia sim! E mais especificamente ao lado dela, Madagascar. A ilha tem milhares de espécies de café somente aguardando a nossa pesquisa e possível uso na piscina genética.

 

 

Café arábica é somente uma espécie que existe entre muitas outras que não são aproveitadas hoje em nossas xicaras. Algumas não são bebíveis, mas ninguém sabe se existe uma espécie que um dia poderia vir a substituir a arábica numa possível crise mundial.

 

 

No século XI, entendemos que a história do café originou-se mesmo no contnente da África.  Da Etiópia ou Madagascar ele caiu nas mãos dos árabes a gerou muitas polêmicas entre os mulçumanos, e depois passa aos francesas para então chegar às famosas cafeterias da Europa, e por fim, sendo disseminado pelas Américas, onde ele é argumentado antropologicamente a ter sido a bebida que iluminou os fundadores da bolsa de valores e outras grandes revoluções e invenções históricas.  

 

 

Hoje, podemos até mesmo ver a conexão de como essa droga lícita e estimulante acordou milhares de mentes na fundação do Vale do Silício dos Estados Unidos, onde litros e litros são consumidos pelos profissionais de TI (Tecnologia da Informação) de manhã cedo até o “happy hour”. Café é a bebida preferida da maioria dos empreendedores da história.

 

Café sombreado

 

Então, vamos ser sinceros e admitirmos: hoje, no século 21, o mundo é ‘cafeinado’ graças à bondade dos queridos africanos.

 

A lenda é que uma vez um pastor de cabras que se chamava Kaldi encontrou suas estimadas cabras comendo as folhas e cerejas do pé de um cafeeiro em natura.  Ao comer, as cabras começavam a dançar com alegria. Sem cansaço pela manhã. Kaldi então refletiu: “se foi bom para as cabras deve ser muito bom para mim.”

 

As primeiras extrações africanas eram tão boas que a torra, moagem e extração viraram uma cerimônia que existe até hoje.  O que os africanos etiopianos fazem com seu café tem regras de preparo tão complexas como os dos campeonatos de baristas da atualidade.

 

Cerimônia de café da Etiópia

 

A bebida inicial foi chamada Bunn. Às vezes era misturada com gordura animal. E você pensava que o “Bullet Proof Coffee” seria algo novo. Eles até fizeram vinho com a poupa do café fermentado. Uma bebida da cascara da fruta do café foi feita, à qual colocaram o nome de Kisher.

Também, os africanos não carbonizavam seus cafés como os italianos ou Starbucks da atualidade.  As torras deles terminam logo depois do primeiro estalo para acentuar os sabores de fruta dos cafés maravilhosos de origem etíope.

Alguns anos após o descobrimento africano, o médico Rhazes (865-925) da Pérsia foi o primeiro a escrever sobre as propriedades magicas dessa bebida. E aqui começa o processo de internacionalização do café.

 

O primeiro barista com barba: Rhazes

 

Se quiser  aprender mais sobre a jornada, recomendo o livro em inglês, “Uncommon Grounds: The History of Coffee and How it Transformed the World” por Mark Pendergrast.

 

Se leituras te apavoram, você pode assistir este documentário da PBS que se chama “Black Coffee: The Irresistible Bean” que também é baseado nesse livro.  Deve existir uma versão legendada em português.

Obrigado Etiópia e Madagáscar pelo dia Internacional do Café!

Autoria: Jonathan Hutchins jonathan@williamsonscoffee.com